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Reitora da UNDB recebe máxima comenda da Educação estadual e profere discurso emocionante

06.02.17

Em solenidade realizada na tarde desta última quinta-feira (2), no auditório do Palácio dos Leões, a reitora da UNDB, Profª Drª Ceres Murad, foi condecorada com a medalha “Mérito Educacional Professora Anna Maria Saldanha”, concedida pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão àqueles que exercem expressiva contribuição à educação maranhense.

Durante o evento, a reitora proferiu emocionante discurso,representando todos os homenageados, em que destacou de que forma as personalidades condecoradas impactaram a educação maranhense e a vida de milhares de pessoas. Também foram agraciados com a comenda Professora Anna Maria Saldanha o governador do Estado, Flavio Dino, o secretário estadual de Educação, Felipe Camarão, e as educadoras: Heloisa Cardoso Varão dos Santos, Maria Teresa Soares Pflueger, Terezinha de Jesus Braga Santos e Valdenice Araújo Santos.

Confira o discurso da reitora na íntegra:

• Discurso na outorga do Mérito Educacional Profª Anna Maria Saldanha do Conselho Estadual de Educação

02 de fevereiro de 2017

Por Ceres Murad

As empresas instaladas no Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, símbolo, na nossa era, de inovação em tecnologia e em educação – ou de ambas combinadas – professam como missão “impactar bilhões de pessoas.”

A inovação em tecnologia garante essa possibilidade. Mas só as iniciativas em educação podem garantir que elas se processem no sentido de atingir bilhões de pessoas... para o bem.

Em um universo de valores fluidos, a tecnologia pode, mas só a educação deve... impactar bilhões de pessoas.

Estamos aqui realizando um ritual. Um ritual de reconhecimento de como as pessoas agraciadas hoje pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão impactaram as dezenas, centenas ou milhares de pessoas  que estiveram ao seu redor, ou sob sua influência, ao longo da sua trajetória profissional.

Que fizeram? Por que impactaram? Por que estão sendo hoje reconhecidas?

Certamente não pelo valor quantitativo de sua influência -  esta não foi uma medida estatística. Mas pela qualidade da sua influência – julgada segundos valores da promoção humana com que sonha cada educador todas as noites, como disse Rubem Alves.

Nos mais diversos setores da atividade educacional – nas políticas públicas, na atenção à criança, ao deficiente, na realização de milagres com as populações mais pobres, na militância acadêmica, cada um dos agraciados hoje -  Flávio, Felipe, Heloísa, Maria Ceres, Maria Teresa, Terezinha, Valdenice - fez da sua profissão uma missão de vida.

O que aprendemos com cada um?

Com o nosso governador Flávio Dino, um homem culto, autor, professor desde os 17 anos -  de quem o Colégio Dom Bosco se orgulha de ter assinado a primeira contratação profissional – aprendemos que não vale a pena se não podemos fazer para todos.

A professora Teresa Pflueger, que conduziu as políticas públicas em Educação no Município de São Luís por quase uma década, resistindo a aposentar-se, por insistência daqueles que com ela militavam junto às camadas populares, nos ensina a capacidade de transformar saberes acadêmicos em vontade política e em realizações concretas.

A professora Terezinha Braga, que encontrou o seu caminho seduzida pelo olhar daqueles que, privados de algumas de suas capacidades, almejam ser e realizar-se,  ensina como lutar por causas que parece terem nascido perdidas.

Com  a professora Valdenice Santos, que, em uma missão heroica, transformou sua escola, fincada em um dos mais remotos rincões do Maranhão, em referência para a educação do nosso Estado, aprendemos o significado da superação.

A Professora Heloísa Varão, em sua lida com a formação de educadores, nos ensina a persistência, ao assumir uma tarefa em que - como o bordado de Penélope, que se faz de dia e se desfaz à noite –  o que se conquista hoje não perdura amanhã, precisa ser recomeçado a cada dia que nasce, para saciar uma fonte inesgotável de carências.

O jovem Felipe, o líder dos educadores do Maranhão hoje, nos traz à memória a sentença professada por Winston Churchill, no seu mais famoso discurso, às vésperas da segunda guerra mundial: se esta ilha for subjugada, o Novo, com toda a sua força e poder, dará um passo em frente para o resgate e a libertação do Velho.

Essa a nossa esperança - de que , vencido o nosso tempo, encerrada a nossa missão ou assumida a nossa fraqueza diante dos desafios que se sucedem, crescentes em sua complexidade, o novo virá e assumirá o resgate e a libertação, combatendo os agora influenciadores de bilhões de pessoas, sabe-se lá em nome de que valores e com que propósitos.

E de mim, não gostaria de falar da influência que modestamente possa ter exercido sobre aqueles que comigo batalham todo dia pela construção de uma nova realidade para a educação do nosso Estado. Gostaria de pedir-lhes licença para, neste momento, homenagear aquelas que me precederam  - as mulheres educadoras da minha família, minhas avós e minha mãe - pela influência que foram capazes de exercer sobre mim, minha irmã e sobre uma família que assume essa profissão como missão de vida.

Por uma mão invisível foram conduzidas a esse caminho sedutor, que nos leva não só  a sonhar todas as noites, mas a levantar todas a manhãs para semear no coração de crianças e jovens o espírito de honradez e de luta pela competência para realizar conquistas.

Em meados dos anos 1920, minha bisavó paterna, em visita à sua filha que havia se mudado para uma outra cidade, lá fundou uma escola para educar os netos. Em meados do anos 1950, o mesmo fez minha mãe - fundou um jardim de infância para educar suas filhas - grávida da minha companheira, que comigo partilha a dor e a delícia de militar em educação, que encontra assento neste Conselho, com entusiasmo e alegria- sua marca registrada.

A mão invisível... ou a luva que calçamos, geração após geração – os velhos, na esperança de que venham os novos para tomar-lhe das mãos o bastão e continuar a corrida, que não só leva ao futuro, mas dá sentido a cada momento do presente, a cada passo da corrida.

Gostaria, finalmente de render minha homenagem a Ana Maria Saldanha, que dá nome a esta Medalha, minha professora e amiga, de quem tomei o bastão na cátedra de Psicologia de Educação da Universidade Federal do Maranhão. Tê-la sucedido na sua cadeira na UFMa é um dos grandes orgulhos de minha vida profissional.

Baluarte e luz, doce e firme, uma amante desta profissão, que me inspirou a trilhar os caminhos intelectuais e acadêmicos a que me dediquei ao longo da carreira - minha carinhosa homenagem, Ana.

Obrigada pela medalha.

Eu a envergarei com mesmo orgulho com que assumi o teu lugar na cátedra, para honrar a nossa profissão e fazer dela sentido de vida – tentando iluminar outros tantos .... Porque, como disse Churchill em seu discurso, revelando uma têmpera só encontrada nos verdadeiramente fortes ... ou nos educadores ... We will never surrender! Nunca nos renderemos!